5 de fev. de 2011
Sergey Ignatenko
Corri a esmo pra encontrar o nada,
Enterrando tempo e quimera.
O encontro sutil demora a chegada...
Faz-se ode sofrida espera.
Não sou anjo talhado na alvura:
Tenho asas pra voar de fissura.
Nasci pra ser arrastão...
Não me atrevo a estrangular ilusão.
Não sou ninfa, nem musa:
Sou demônio com tridente de veludo.
Sou mulher, feminina de alma e escudo,
A te arrastar com carícias de deusa.
...Pólen e gineceu, emoção floresceu.
De inveja, o vento encolheu.
Paixão desamarrada se atreveu
Em denso e belo apogeu...
Tesão saltou montanhas e planícies,
Calou a sirene do Apocalipse.
Nossa linguagem sem vértice
Transformou pele em cálice!...
Sei de nós, do amor, do abraço, do ensejo,
Pra continuar a espera, dobrar o desejo,
Entornar areia na esquina do tempo,
Até chegares, enfim, com um beijo.
Stella de Sanctis