Não tenho paz senão em paz comigo
(e, se disser-me isso todo dia,
quem sabe ainda acabe acreditando?).
Contemplo embevecida meu umbigo
(e, que me importam manchas ou estrias?,
de mim ainda vou me enamorando).
Sou minha sina, sou o meu castigo
(e disso invento alguma agonia,
alguma dor que acabe me agradando).
Comigo mesma crio romantismos
(e, enlanguescida dessas fantasias,
nas pontas de meus dedos vou gozando).
Não tenho paz senão em paz comigo
(mas, se essa paz for junto a ti, Sofia,
percebo que algo estava me faltando).