Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

Fernando Pessoa



7 de abr. de 2010

Ilse Kleyn



Assanhadinha


Lá estava ela, toda danadinha
Cabelos de cachoeira ao vento andava toda soltinha
Era bonitinha, meio gordinha e fofinha
Mas estava meio doidinha

Apaixonada e maravilhada
Ficou animada, pois amada sentiu-se superestimada
Ardia de desejo que se torturava
Em meio aos homens sua pele flor de janela exalava.

Preocupada e desejada
Ficou apaixonada e desesperada
Cheia de amor não percebeu que por um anjo foi fisgada
Enamorada, aproveitou a chance deseducada

Com João, ela gritou e gemeu
Muito mais animada e feliz, fez e aconteceu
Em um belo dia de lua morna, a virgem disse que nada doeu.
E no final da madrugada. Deus, a ela e a ele, conheceu.

Assanhadinha com o tempo logo cresceu
Educada e alinhada, ao João, o pai conheceu
Com o tempo pensou que o mundo a esqueceu
Após o nascimento da filhinha, Assanhadinha entristeceu.

Pensou que o amor sustentaria a barriga que desenvolveu
Com o passar dos dias João enlouqueceu
Ela sentiu que um novo amor apareceu
A sua filha linda, de olhos claros, nela reacendeu.

Hoje ela trabalha, estuda e, longe do amado, pouco descansa
A pele anda seca e o belo cabelo cortado revela que a vida não é mansa
Jovem e adulta a bela cultiva a perseverança
A sua filha, o maior amor da sua vida, deu o nome de esperança.


Lúcio Alves de Barros