Caço um rugido de sol
Odisseu sedento e lasso
alço-me a um mar de ninfas
escarpado
nos ventos de cílios
céleres
Das ondas vejo-a nascida
do botão do olho mais dócil
onde um vitral fundeado
recolhe as velas da nave.
Tomo-lhe a mão
de cambraia
a vestidura de
incógnitas
Desço
suavemente ao dorso
com as mãos cheias de lavas
devolvidas ao vulcão
num jogo de fogo e espelho
Só na brasa dos mamilos
encontro a concha das mãos
suor sereno
arrepio
um mar salgado na boca
Ó Ítaca distante!
A língua se evola lânguida
estilingue em espiral
pedra elástica na praia
tomando de assalto o lago
Por um momento sei-me prancha
e ela um trampolim de pétalas
Na fúria de Poseidon
pousa Penélope