Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

Fernando Pessoa



16 de fev. de 2010

Bogdan Prystrom

 



Bailado das Ondas


Vede-as, ei-las que vêm- eternas bailarinas
para a festa noturna e fádica do luar,
segue-as o coro alegre e álacre das ondinas:
vede-as, ei-las que vêm, todas juntas, bailar.

Seios nus, braços nus que flavas serpentinas
cingem, abstratas mãos de brancura polar,
surgem, despetalando orquídeas argentinas
sobre a pelúcia azul do tapete do mar.

De quando em vez, na praia, uma a sorrir se apruma
desliza, rodopia e alva como de espuma
desnastra, erguendo o corpo em bamboleios no ar.

E a lua, entre coxins, muito pálida e loura,
em serena mudez de nobre espectadora,
pelas ondas alonga o indiferente olhar



Gilka Machado