Augusto dos Anjos
15 de ago. de 2011
Fidel Garcia
Soneto
A orgia mata a mocidade, quando
Rugem na carne do delírio as feras,
E o moço morre como está sonhando
Nas suas vinte e cinco primaveras.
Em cima -- o oiro sem mancha das esferas,
Em baixo oiro manchado de execrando
Festim de sibaritas, de heteras
Lubricamente se despedaçando!
Em cima, a rede do estelário imáculo
Suspensa no alto como um tabernáculo
-- A orgia, em baixo, e no delírio doudo
Como arvoredos juvenis tombados
Os moços mortos, os brasões manchados,
E um turbilhão de púrpuras no lodo!
Augusto dos Anjos