Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

Fernando Pessoa



1 de mai. de 2010

José Roosevelt/Juan Alberto



A cascata canta!


A cascata canta!
É água cristalina
que escorre da montanha quebrada!
Sátiros riem, debruçados sobre a fonte!
verte o vinho
dos lábios dos deuses embriagados.
Parece que no abismo caem lágrimas
que se esfumam
como véus que se esgarçam.
Elevam-se suspiros em sons variados,
de uma sufocante sinfonia!
A mistura da água da cascata,
do riso dos sátiros,
e do vinho dos deuses
faz brotar imagens
e flutuam no ar mil ninfas!
É a Natureza que ama!
Eterna mãe gestante!

Eu sonho!

O meu gemido se eleva
...a minha lágrima se evapora,
é como névoa, espiralando no ar,
transformando-se em arco-íris.
Cores nubladas esgarçam-se
em flocos esfumacentos.
Dançam Nereidas e Náiades,
agitando seus véus transparentes,
e cantam!
A vontade de amar cria versos de amor
para o Amor!

Eu vibro!

Festa de beijos!
Cantilena de goteiras!
Grinalda de abraços!
Exalam perfumes das flores noturnas
que descerram pétalas,
sob a magia do luar.
Quebram-se taças;
tilintar de cristais
e de risos excitantes.
Pedaços de palavras
sufocadas por lábios que se beijam.
Cai o vinho,
escorrendo das garrafas...
É a volúpia do amor
que se mescla ao sonho!

É o delírio!


Cassandra Rios