Quando inteira te despes, - os teus ombros nus
modelados de luar, de areias e de luz;
os teus seios pequenos, trêmulos e ousados,
como frutos maduros, quentes, sazonados;
e os teus curvos quadris esculturais, e as ondas
das nádegas carnosas, cheias e redondas;
e o detalhe das pernas firmes, que eu contemplo
como a duas colunas áticas de um templo;
e a borboleta fulva, de asas de veludo
imóveis e espalmadas no teu claro ventre;
quando inteira te despes aos meus olhos, - tudo
é um convite de amor a que eu viva, a que eu entre
para rezar no templo escondido e velado
que há no teu corpo esplêndido e marmorizado
uma oração pagã, olímpica e sensual,
em glorificação da beleza imortal!
J. G. de Araujo Jorge